Uma mulher, batizada de Clarinha, foi atropelada nos anos 2000 e ficou internada em estado de coma por 24 anos no HPM (Hospital da Polícia Militar) de Vitória, no Espírito Santo. 40 dias após a morte, no dia 14 de março de 2024, o corpo dela ainda segue no DML (Departamento Médico Legal).

+ ES: mulher internada em coma por 24 anos morre em hospital sem ser identificada

Por meio de nota enviada à ISTOÉ, a PCIES (Polícia Científica do Espírito Santo) informou o total de exames realizados com o corpo de Clarinha. Foram eles:

  • Um caso de Brasília – laudo necropapiloscopia negativo;
    Um caso da Bahia – laudo necropapiloscopia negativo;
    Um caso do Espírito Santo – laudo necropapiloscopia negativo;
    Um caso do Paraná – laudo necropapiloscopia negativo;
    Um caso de Minas Gerais – laudo necropapiloscopia negativo;
    Dois casos de São Paulo – dois laudos necropapiloscopia negativos;
    Um caso de São Paulo – laudo necropapiloscopia em andamento.

Identificação por DNA:

  • Um laudo de DNA negativo em São Paulo;
  • Um caso do Maranhão (PI). Por conta disso, familiares foram encaminhados para o DNA;
  • Um caso de material encaminhado ao Instituto de Pesquisa de DNA Forense da Polícia Civil do Distrito Federal, que segue em análise;
  • Um caso de material encaminhado à Superintendência de Polícia Técnico Científica de São Paulo, que segue em análise.

Ainda segundo a PCIES, o corpo deve ser liberado para sepultamento na próxima semana. Caso nenhum familiar seja encontrado, o Coronel Jorge Potraz, que cuidou de Clarinha no HPM, será o responsável pelo enterro.

Relembre o caso

Após ter sido atropelada, ela chegou sem documentos pessoais ao pronto-socorro. Segundo o HPM, a mulher tinha marcas de cesária, o que indicava que teve um filho, mas nenhum parente consanguíneo procurou o hospital no período em que ela esteve internada. “Pelos cálculos dos profissionais, ela faleceu com 45 anos”, afirmou o hospital.

O MPES (Ministério Público do Espírito Santo) tentou localizar a família da vítima. Em 2020, um grupo de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) entrou em contato com o MPES para ajudar na investigação.

A equipe utilizou uma técnica de comparação facial usando bancos de dados de pessoas desaparecidas com características físicas semelhantes às de Clarinha e chegaram a uma criança de 1 ano e 9 meses de idade desaparecida em Guarapari, em 1976. No entanto, a análise do material genético dos supostos pais da mulher afastou a hipótese.
Atropelamento e vida no hospital

De acordo com relatos de testemunhas, a mulher estava fugindo de um perseguidor, também não identificado, e correu para o meio de uma avenida movimentada no Centro de Vitória, onde foi atropelada por um ônibus. Levada para o antigo Hospital São Lucas, passou por diversas cirurgias. O cérebro foi afetado, impedindo que ela retornasse de um coma profundo. Sem documentos e com as digitais desgastadas, buscou-se, em um primeiro momento, encontrar algum conhecido dentre as testemunhas do acidente, mas ninguém tinha qualquer notícia da mulher.

Em seguida, Clarinha foi transferida para o HPM. Neste meio tempo, o MPES realizou diversas buscas, inclusive com o apoio de outros ministérios públicos, mas não obteve nenhuma informação sobre a vítima.